assim que adentrei o recinto
olhares metralharam meu corpo
sorrisos apontaram sem pena o meu semblante

oprimiram minha volúpia corpulenta
rechaçaram meus cabelos brancos
constrangeram meu vocabulário
desrespeitaram minha experiência
caluniaram minha sexualidade
condenaram-me a solidão

exilada em minha torre, permaneço
ardente, molhada, sem amarras
o telefone toca (sempre tarde)
você diz que te enlouqueço
deixo escapar o laço do meu
longo roupão de seda
suspiro, eu quase sinto
você enrijecido, suplicante, lascivo

minhas mãos habilidosas, agora tremem
vão direto ao ponto, o meu ponto
alguns toques e está tudo pronto
romance e circo virou teatro e vinho
as noites de acrobacias se reduziram
ao meu olhar perdido no céu
não preciso provocar muito para que
eu faça a erupção
se tem algo que domino bem é
meu prazer, meu tesão

minha lembrança adorada é
sentir o desejo latejando em minhas mãos

não se vá ainda, faça valer cada tostão
partem sempre com o raiar do dia
sem adeus e sem perdão

pago a quantia devida
e um a um, você se vão

me recolho a minha torre
e procuro o próximo garanhão





Velha Safada


Enfim, o silêncio contrasta a euforia que se findou
Mais umas doses antes que tu vista tuas roupas, me olhe profundamente, meta a mão na maçaneta e saia sem nada dizer, eu esperava pelo menos um "Boa noite, para mim também foi um prazer"