"Trata-se de uma sucessão de atos desconfortáveis os quais são justificados pelo próprio conforto", a caminho do endereço no bilhete, eu organizava tardiamente em ordem do que me parecia conveniente as coisas não ditas de um diálogo interrompido pelo meu medo, enquanto a derradeira fala de Tambor ia e voltava aos meus pensamentos... também seus olhos apertadinhos nos cantos, algo entre Richard Gere e Burt Reynolds nos anos 70, um pouco mais baixo e encorpado como Harvey Keitel; também na firmeza de suas mãos largas e macias; suas coxas grossas que seriam capazes de sustentar facilmente por horas sua vigorosa e rítmica metida na vertical.

Por pouco não nos atrasamos. Tambor, pontual que era, já estava sentado no barco. Ao nos ver se levantou, sorriu e disse: "Olha aí, é o meu guri! Olha aí!". Conversava com uma jovem que também sorriu. Um sorriso devastador, do tipo que se percorresse as regiões habitadas do globo, poderia dividir a história em antes de depois daquele sorriso. Ela era a capitã Saudade carregava consigo uma garrafa cuja a mensagem tratava-se de uma profecia. Nela dizia que o dia em que as areias da praia viessem a amanhecer com as pegadas e o rastro do pênis gigantesco de Otoromum entre elas, significa que ele começou a ser afetado pelas limitações sexuais daqueles que buscam auxílio e fora condenado a se reabilitar vagando pelas praias por anos enquanto Amorarim se recolhe nas profundezas humanamente inalcançável de sua gruta para se recuperar da intoxicação que as limitações dos devotos lhe causara. Nesse período o mar fica constantemente de ressaca e expele sua poluição e impurezas buscando a cura. Nesse processo, os deuses dependem do empenho humano e da consagração de orgamos sagrados oferecidos para a sua recuperação.



















Dado o contexto, me vejo obrigado a vagar incompleto por camas do mundo que a mim se farão arenosas, por toda a minha vida, que continuará dura, mas não do jeito que preciso. Por mais que Clara tente me convencer de que eu não preciso de nenhuma intervenção divina para me libertar e que a cura que preciso está em mim, acredito que esta seja uma ideia libertadora demais para ser minha... Porém, agora estou ainda mais interessado na sabedoria contida no tal livro. Não vejo a hora de chegar em casa e assistir “As Aventuras dos Piratas Selvagens Na Ilha Anal”.


Não tem Fim…

Talvez nunca tenha…

Nunca é o bastante!
capacho
Qualquer afirmação do tempo que levamos para chegar a Ilha Ânus, correria o risco de ser um chute frustrado, a ampulheta que a capitã carregava pendurada no pescoço nunca esvaziava a parte superior e nem completava a parte inferior. O que me fez questionar internamente como eram tão pontuais. A capitã defendia que cada um tem seu próprio tempo. A ampulheta foi um presente de Chronos.

Quando finalmente avistamos a praia, já acontecia a cena que me chamou a atenção. Tambor disse que deveríamos deixar o barco imediatamente e termos com os demais, pois a capitã deveria voltar ao continente e emitir um comunicado aos que estavam fora de Ânus.


Enfim, o silêncio contrasta a euforia que se findou
Mais umas doses antes que tu vista tuas roupas, me olhe profundamente, meta a mão na maçaneta e saia sem nada dizer, eu esperava pelo menos um "Boa noite, para mim também foi um prazer"