Ouvimos uma batida forte e precisa. Era Tambor ignorando a campainha em algum tipo de código morse comunicando algo que ainda não podia entender. Ele chegou precisamente no horário combinado. Não sei se fiquei mais excitado com minha nova aquisição, ou com o belo homem de roupas simples e de presença poderosa que preenchia sutil e firmemente toda a sala com cada gesto e palavra, o fato é que tanto eu como Clara concordamos que ele deveria ficar para o jantar, ou simplesmente ficar.

Durante a refeição descobrimos que apesar de aparentar ter seus quarenta e poucos anos, na verdade ele tem sessenta e muito, porém o mais impressionante foi descobrir que é natural da ilha Ânus. Nos contou sobre o lugar, sua missão e quem era na verdade Powerful Pussy e King Kong Dong. Daí em diante a conversa foi ficando cada vez mais pessoal. Acabamos de comer e continuamos a tomar vinho com nosso convidado na sala, ele a bombear nossos sentidos com suas histórias incandescentes, Clara e eu a sinalizar por meio de olhares um encontro na cozinha, a sós. Só depois de uma hora ouvindo e fervendo por dentro (algo que revelou mais tarde), ela conseguiu se levantar e ir na minha frente. Quando saiu, Tambor e eu ficamos nos encarando em silêncio, percebi que começara a ficar ofegante e parecer nervoso, então levantei-me de uma vez fechando o casaco para disfarçar a ereção. Foi inútil, o homem percebeu e quando eu passava ao lado do sofá que estava sentado ,ele lançou uma de suas mãos no meu pau e disse: "Não precisa ter vergonha, a essa altura vocês dois já deveriam saber porque eu estou aqui". Se levantou ainda me segurando, se encaixou atrás de mim e puxou-me com força usando o outro braço para envolver meu corpo...























Fui para perto da janela e vi pessoas agasalhadas na rua, eu suava. Levantei um pouco a saia e minhas mãos contornaram suavemente minhas coxas. Tiro a calcinha num ato muito natural e começo acariciar meu corpo todo. Demorei poucos minutos para perceber que alguém poderia me ver pela janela e voltei para a sala.

Clara provavelmente cansou de me esperar e voltou para ver o motivo de minha demora. Não fizemos cara de flagrante, Tambor simplesmente sorriu e, parecendo um tanto desconcertada, Clara se aproximou. Pela primeira vez em muito tempo, eu vi luzes se acenderem nos olhos da minha companheira. Clara solta os cabelos, nem parece ela mesma, ou talvez eu nunca a tenha cativado a tal ponto. Quem poderia? Ela anda elegantemente até o nosso convidado. Tambor a ampara instantaneamente. Eu de fato estava muito excitado. Ela se vira, dá as costas e levanta a parte de trás do vestido. Sem calcinha. O homem cai de boca entre as nádegas da minha esposa e sou tomado por um tesão que me leva imediatamente a tirar o pau pra fora e dar início ao meu ato solitário e voyeurístico assim como um adolescente em seu quarto de porta trancada diante da fantástica fábrica de putaria em HD na internet.

Tambor começa um movimento vigoroso e Clara solta um gemido de tamanha potência sonora que provavelmente os vizinhos souberam que se tratava de uma boa lambida anal. Eles devem ter se lembrado que nesses trinta e sete anos que vivemos naquele apartamento jamais ouviram qualquer som que fizesse menção a uma pessoa tendo prazer, nem mesmo uma risada alta. Agora ela estava ali, diante dos meus olhos, recebendo algo que eu nunca pude lhe dar, de um homem misteriosamente sexy que acabamos de conhecer. É claro que um dos ingredientes da minha excitação era a felicidade de ver minha melhor amiga, a pessoa mais importante da vida, finalmente sendo compensada de alguma forma por ter mantido seu companheirismo e cumplicidade infalível por todos esses anos. Sabia que devia muito mais a ela e a mim mesmo.

Eles se acomodaram e eu voltei para minha poltrona.
















Depois de alguns minutos ofegantes com os três a se olhar, Clara se levanta, pega de seus cigarros, e quando vai abrir a porta da sacada Tambor diz “Não! Espera!”, levanta-se, pega seu sobretudo surrado e com cheiro de naftalina e o envolve no corpo suado que acabara de possuir e pelo qual fora possuído. Quando ele abre a porta, enquanto ela se acomoda dentro da roupa, sentimos uma brisa afiada em frescor nos trazer notícias do mundo exterior, e Tambor diz: “Tá vendo? Salvei sua vida novamente”. Ela me olha, olha para o cara e rebate “Não é você que tem monstros com apetite sexual milenar para alimentar?”. Tambor ri, eu continuo num tom mais sério “O que você sabe sobre o livro?”. Ele desconversa e diz que ainda estamos nas preliminares. Ele explica que meu caso é grave, de acordo com o que diz minha vida sexual, eu deveria estar em estado terminal e só o milagre completo dos deuses poderia me salvar.

Diante de nossa frágil relutância em viajar para Ânus, ele nos diz: “Vocês sabem que precisam disso, e só disso. Não precisam levar nenhum produto de cuidado pessoal, e nem roupas além das que estão vestindo, elas são as únicas coisas do mundo externo que entram na ilha, porém são queimadas num ritual de chegada assim que desembarcam na praia”, Clara e eu nos olhamos em reprovação ao que ouvimos. Tambor conclui “Existem sensações melhores que o conforto.”

Pedimos licença ao nosso convidado, e fomos para outro cômodo. Disse à Clara: "Isso tudo tá muito rápido e objetivo demais pra eu processar..."
"Eu sei, mas não me diga que esperou tanto pela sua aposentadoria pra ficar em casa limpando e organizando prateleira de filmes que nunca assiste, porque você já faz isso há tantos anos."
"Já sei! Vamos pedir mais tempo pra pensar."
"Mais tempo?! Esses pensamentos são o que tem te mantido em cativeiro..." A interrompi para sugerir o prazo de uma semana, ao que ela responde: "Tudo bem! Mas se em uma semana você não tomar uma atitude, eu vou seguir o chamado desse Tambor, nem que seja pra você me seguir também."

Quando voltamos à sala ele já havia partido. "O que cê tá esperando? Ele ainda deve estar no prédio...", ela mal termina de falar e já me lanço porta a fora no ritmo que minha idade permite. Quando volto ao apartamento sem sucesso, Clara me recebe com um bilhete. Ela me diz que a minha semana terá menos de doze horas. Nele o endereço de uma casa à beira-mar e o horário de partida de um barco às seis da manhã seguinte.


Continua...
Eu sou Clara, sou professora de literatura. Cultivo o hábito de escrever em um diário desde menina. Ultimamente tenho refletido muito sobre a minha vida e resolvi ler toda a produção dos diários desde o início. Estou agora lendo o período dos meus 19 anos, quando conheci Adão e me apaixonei perdidamente. O amor contido naqueles parágrafos, o tesão que eu nem sabia nomear, são um deleite nos meus dias. Adão foi o único homem em minha vida. No entanto, não me toca há muitos anos. Justamente nesse momento em que estou relendo e me reconectando a parte mais excitante da minha própria vida, aparece esse homem chamado "Tambor"? Estou agora sozinha na cozinha esperando Adão, vou tentar mais uma vez, pois me sinto em chamas agora mesmo. Fui, literalmente, tomada por um calor e abri dois botões da minha camisa.
Dedo indicador, molhada, dentro, polegar, estímulo, clítoris, mão, vestido, sutiã, seios. Sofá, cachorrinho, penetração, suavidade, ele, mãos, ela, cabelos, pescoço, ombros, costas, cintura, profundidade, intensidade, força. Ele, suor, ela, suor, gozo. Ele, sofá, ela, cavalgada. Corpos, suor, gemidos, intensidade. Ela, ele, eu, gozo, força, sincronia.