Tem gente que enjoa no embalo do mar
Preferem manter os dois pés enraizados em terra firme
Há pés que tentam voar, ensaiando saltos inacreditáveis
Os pés dela pendem da rede
Gosto de ver o contorno côncavo do seu corpo pesando na rede
O horizonte se encurva junto ao ponto máximo da curvatura ou o ponto mínimo entre ela e o chão
Suas ondas também pendem, hora ou outra, ela as recolhe dos meus olhos atentos ao longe
Ela brinca com a gravidade apenas quando lhe convém
Noutros momentos pára abruptamente o chacoalhar tranquilo de todas as marés de seus cabelos
Ela zomba de nós todos com seus caracóis
Suas rendas, suas cantigas, seus encantos fingindo estar só
Se exibe, se deleita, enfeitiça até o sol
Ri para si mesma, desfila quase nua a ninguém na rua
Rasga olhares em seus dentes e cospe de volta seu desdém
Leva para casa seus cachos e me deixa a ver navios no além

















Odara